sábado, 9 de novembro de 2013

A importância das florestas na fixação do carbono atmosférico

   Florestas e sumidouros de carbono


   Cerca de metade do carbono do dióxido de carbono emitido para a atmosfera pela queima de combustíveis fósseis é retido na biosfera pela combinação de sumidouros (onde ocorre fixação do dióxido de carbono) oceânicos e terrestres. Destes últimos ressaltam as florestas pela sua extensão e capacidade de sequestro de carbono. As florestas mundiais cobrem cerca de 4,1 x 109 hectares e contêm 80% do carbono terrestre acima do solo (moléculas orgânicas que entram na constituição das células vegetais, em particular a celulose) e cerca de 40% do carbono no solo (raízes e matéria orgânica do solo). Na Europa, durante os anos 90, as florestas sequestraram cerca de 20% do carbono emitido anualmente pela queima de combustíveis fósseis na UE, o equivalente ao carbono emitido pelo setor dos transportes.
    Sequestrar o carbono é evitar que o dióxido de carbono gasoso, consequência da combustão de combustíveis fósseis, se acumule na atmosfera. Da assimilação deste gás pela fotossíntese das plantas (e outros seres fotossintéticos, como algas e algumas bactérias) resultam materiais orgânicos, entre os quais está uma proporção de biomassa perene – madeira – e matéria orgânica do solo, cujo carbono pode permanecer longos anos até ser de novo oxidado até dióxido de carbono e voltar à atmosfera. Existe uma diferença significativa a nível da retenção de parte do carbono fixado fotossinteticamente no ecossistema entre florestas e sistemas agrícolas: nestes últimos, e independentemente da taxa de fotossíntese, a acumulação de carbono é normalmente muito baixa.

Ciclo do carbono representado esquematicamente

    Potenciar o sequestro de carbono pelas florestas tem duas vertentes: por um lado, há a necessidade de conservação das florestas já existentes, e por outro, podemos ampliar o potencial de sequestro de carbono através do aumento da área florestal e da boa gestão do território. Na verdade, as ações de destruição das florestas não só libertam as grandes quantidades de carbono retidas no ecossistema – decomposição ou queima de material vegetal e de matéria orgânica do solo – como diminuem temporariamente a capacidade de sequestro, devido às perdas de potencial produtivo. A desflorestação é uma das causas importantes do aumento de Gases com Efeito de Estufa (GEE) no hemisfério sul e nas zonas tropicais, enquanto no hemisfério norte o principal mecanismo contribuinte é a queima de combustíveis fósseis.
    A plantação de novas florestas e uma gestão cuidada do território podem contribuir também para aumentar a capacidade de sequestro de um país ou região. Em muitos casos, nomeadamente na Europa e América do Norte, esta contribuição é relativamente pequena quando comparada com o que retêm as florestas existentes. Porém, é um processo em que a sociedade pode intervir diretamente e, por isso, o sequestro de carbono resultante de acções de florestação e reflorestação que tenham ocorrido depois de 1990 é suscetível de transacção no âmbito do Protocolo de Quioto, isto é, podem ser objeto do mercado de emissões no período de cumprimento de 2008 a 2012.
João Santos Pereira, n.° 82 (adaptado)


  Destaque-se a participação do Colégio Luso-Francês o Projeto Sequestro do Carbono, dinamizado pelo Parque Biológico de Gaia, durante o ano letivo de 2013/2014, com várias atividades dinamizadas durante o ano no sentido de angariar fundos para promover a florestação de uma área a adquirir pelo Parque.
Certificado de colaboração do CLF no Projeto Sequestro do Carbono 

 Relativamente às florestas em território nacional, e após mais um Verão carregado de incêndios (não se apague a memória em meses de outono e inverno!), as perspetivas não são animadoras...
Evolução da área ardida, em hectares, nas florestas portuguesas, entre 1980 e 2012

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