terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cafeína: quais os benefícios desta substância do café e chá?


Partilhamos artigo do Dr. Nuno Borges, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto publicado no Público
Tem milhares de anos a tendência do Homem em ingerir alimentos contendo uma substância chamada cafeína. O seu nome deriva do facto de ter sido pela primeira vez isolada do café. Esta planta terá sido inicialmente usada na antiga Etiópia, sendo que os primeiros registos históricos fidedignos do seu uso remontam ao séc. XV, então já como bebida.
A cafeína está presente não só no café como noutra planta, o chá. Também sob a forma de uma bebida, o chá constitui outra forma bastante frequente de consumo de cafeína, existindo relatos da sua utilização como bebida desde há cerca de 5000 anos. Fica assim evidente que o consumo desta substância é muito antigo e praticamente universal, a que acresce a sua presença em bebidas à base de outras plantas, como a cola, o guaraná, ou o cacau, e mais recentemente naquelas a que a cafeína é artificialmente adicionada, como é o caso de muitas bebidas designadas de “energéticas”.
A cafeína exerce sobre o nosso organismo acções bem estudadas e que, de modo geral, são estimulantes de vários órgãos e sistemas. No sistema nervoso central, este composto é capaz de aumentar os níveis de alerta e reduzir a sensação de cansaço, efeito este procurado por muitas pessoas para conseguir desenvolver uma determinada actividade, como estudar ou conduzir, durante mais tempo. Esta substância, que absorvemos rápida e totalmente, é ainda capaz de exercer outros efeitos importantes como sejam uma ligeira melhoria do rendimento desportivo em exercícios de resistência ou aumento da capacidade respiratória.
Mais interessantes são os seus efeitos quando usada cronicamente, o que, aliás, se verifica ser a prática corrente na maioria dos consumidores. Assim, o consumo de café está relacionado com menor incidência de alguns cancros, sobretudo do fígado, e, nos consumidores regulares, parece haver menos casos de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Alzheimer. Mais ainda, a despeito do seu efeito estimulante sobre o aparelho cardiovascular, o consumo crónico de cafeína não está ligado a maior número de casos de hipertensão arterial ou arritmias.
Como em qualquer substância com propriedades farmacológicas, a questão da dose é da maior importância. Considera-se que a maioria dos efeitos benéficos aparece num intervalo de consumo diário entre os 200 e os 400mg. Este valor corresponde a, por exemplo, dois a quatro cafés expresso, 0,5 a 1L de chá, 2 a 4L de refrigerante de cola ou guaraná ou 3 a 5 latas de 250mL de uma bebida energética (de onde se conclui que os alegadamente elevadíssimos valores de cafeína destas bebidas são apenas ficção). Acima destes valores, não só não parece haver nenhum benefício como se tornam mais evidentes os excessivos efeitos de estimulação do sistema nervoso central, com o aparecimento de insónias, ansiedade e nervosismo.
Sabemos também que o consumo em crianças e adolescentes não é recomendado, pela muito maior sensibilidade aos seus efeitos que resulta muitas vezes numa indesejável perturbação do sono, mesmo com quantidades pequenas como as que estão presentes nos refrigerantes citados. Também as grávidas devem limitar o seu consumo (máximo de 200mg por dia), uma vez que têm menor capacidade de a metabolizar.
A ciência tem, deste modo, afastado alguns temores infundados que ainda percorrem o imaginário colectivo acerca do consumo de cafeína. Na justa proporção, o consumo de café ou chá, principalmente, pode até revelar interessantes efeitos protectores na saúde a longo prazo, contrariando deste modo o velho aforismo “ o que sabe bem, ou faz mal ou é pecado”.

domingo, 21 de outubro de 2012

Portugal Selvagem: documentários sobre a vida selvagem em Portugal

   Portugal Selvagem, uma série de documentários sobre a vida selvagem em Portugal (P. Ibérica)

   

   É uma série documental de 14 episódios de 26 minutos cada, que sintetiza de uma maneira absoluta a extraordinária biodiversidade que tem Portugal continental e os arquipélagos da Madeira e dos Açores, as duas regiões autónomas que ocupam uma superfície de 779 Km2 e 2.230 Km2 respectivamente. Natureza, ecologia e meio ambiente são os pilares básicos desta série, e para valorizar as portentosas virtudes do paraíso português, há uma descrição exaustiva dos diversos ecossistemas que configuram a realidade física lusa, dando especial ênfase às inúmeras espécies animais e vegetais, que reúne o conjunto territorial de um país majestosamente implantado na Península Ibérica.

    O continente português estende-se ao longo de quase 89.000 Km2, e em grandes sulcos, onde o Rio Tejo marca a linha que divide as paisagens montanhosas e húmidas do norte das paisagens planas e cálidas do sul. Esta diferença climática afecta radicalmente a flora local e por isso, nas terras setentrionais, reina o bosque de árvores caducas, sobretudo os sobreiros, enquanto que o meio-dia se caracteriza pelas exuberantes tonalidades da típica vegetação mediterrânea. A norte, as vertentes escarpadas de Trás-os-Montes e do Alto Douro, são o habitat predilecto de algumas espécies animais tão significativas como a águia-real, veados e javalis, o perseguido lobo, raposas, gatos monteses e o escassíssimo lince ibérico.

    A Sul impera o ruidoso universo das aves migratórias que incessantemente colonizam os pântanos da Ria Formosa, o estuário do Rio Sado ou o Cabo de S. Vicente. Todo o território português se expressa numa beleza transbordante e cada palmo da sua bondosa superfície está cheio de espaços tão irrepetíveis como o Parque Nacional da Penêda-Gerês; o Parque Natural de Montesinho e o Douro internacional; a Serra da Estrela; a costa de Aveiro, conhecida como a “Veneza de Portugal”; a reserva natural das Dunas de S. Jacinto; o bosque do Buçaco; a Serra da Lousã; Estoril e Cascais, a “Riviera portuguesa”; o maciço calcário em que assenta o Parque Natural das Serra de Aire e Candeeiros; as marismas do Tejo; o Parque Natural de Sintra-Cascais; São Mamede; o Vale do Guadiana; o Alentejo e as praias do Algarve; a Arrábida; Monchique; e claro a Madeira, uma verdadeira jóia preciosa, património da humanidade, perdida no meio do Oceano Atlântico; e São Miguel, a chamada “Ilha verde”, uma das nove maravilhas que compõem o Arquipélago dos Açores… Um enorme território para deliciar os olhos e explorar… uma aventura que permite divulgar o “Portugal Selvagem”, graças à criação de uma série documental. Seguramente será uma viajem empolgante, que sem dúvida nenhuma provocará no espectador a inevitável necessidade de admirar “in situ” a lendária pátria portuguesa.
    Natureza, ecologia e meio ambiente são os pilares básicos desta série
    Voz "off" de Diogo Infante

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aproximamo-nos do fantástico: faca que corta água criada em Universidade do Arizona


 
  Do site Ciência Hoje e em relação com o post deste blogue Aproximamo-nos do fantástico: gel superhidrofóbico!

   Uma equipa de investigadores da Arizona State University (Estados Unidos) conseguiu fabricar uma faca capaz de cortar a água. O resultado foi publicado na revista científica PLOS One. Através de um corte preciso, os cientistas conseguem dividir uma gota em duas partes iguais, sem qualquer mistura de substâncias ou que esta seja dissolvida em várias outras gotículas. O procedimento ocorreu sobre uma superfície de teflon, também hidrofóbica.
   As lâminas de zinco e cobre foram limpas com acetona e etanol e, posteriormente, secas com nitrogénio. Por último, as lâminas foram submersas numa solução de nitrato de prata e colocadas para secar, resultando num revestimento altamente hidrofóbico — termo utilizado para substâncias que não se misturam com a água.

    Segundo Antonio García, um dos autores do estudo, referiu a uma publicação brasileira, o novo método de corte é “altamente preciso, como se o material manipulado fosse sólido”.

    A grande vantagem desta técnica é poder utilizar uma variedade de técnicas de micro ou nanotecnologia para estudar a composição da gota. Por exemplo, na biomedicina isolam-se células raras (se houver suspeita de ser cancerígena) e realizar análises para detectar o que a faz diferente de outras. O corte das gotas também pode permitir uma análise mais rápida e eficiente dos seus componentes.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Aproximamo-nos (a alta velocidade!) do fantástico: queda-livre à velocidade do som!


 
    O que Felix viu a 40 000 metros de altitude:



  Não foi, no entanto, a primeira vez que a barreira do som foi ultrapassada pelo Homem. Chuck Yeager, em 1947, tinha já conseguido o mesmo. Apenas desta vez o salto iniciou-se a maior altitude (quase 40 mil metros!) e foi realizado apenas com um fato!





quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Ciência em Si, Gilberto Gil



A Ciência em Si (Gilberto Gil, Arnaldo Antunes)
Se toda coincidência
Tende a que se entenda
E toda lenda
Quer chegar aqui
A ciência não se aprende
A ciência apreende
A ciência em si
Se toda estrela cadente
Cai pra fazer sentido
E todo mito
Quer ter carne aqui
A ciência não se ensina
A ciência insemina
A ciência em si
Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar
Do avião a jato ao jaboti
Desperta o que ainda não, não se pôde pensar
Do sono do eterno ao eterno devir
Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar
Para alcançar o que já estava aqui
Se a crença quer se materializar
Tanto quanto a experiência quer se abstrair
A ciência não avança
A ciência alcança
A ciência em si

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

As indecisões da Ciência: alimentação e banhos

    Na mensagem  Mitos e Crenças: Não podes ir para a água depois de comer, para não teres uma congestão divulgamos um vídeo em que um médico especialista considera um mito a ideia de não devermos ir ao banho após ingerirmos uma refeição devido ao risco de afogamento. Considera, no final, outras causas frequentes para essas fatalidades.

   Num outro vídeo, Luciana Couto, médica e docente da Faculdade de Medicina da UP, considera que a sabedoria popular é validada pela Ciência, sendo portanto verdade que não se deve comer e, após um período inferior a 3 horas, ir ao banho.

   
   Pode ficar a dúvida no leitor: Será que os investigadores/cientistas/médicos/professores não se entendem? Não há apenas uma resposta correta para cada questão científica? 

    No nosso entender, este exemplo traduz a importância da discussão na comunidade científica e em geral, sendo válidas várias opiniões e existindo, muitas vezes, várias respostas corretas para a mesma questão. 

   Para além disso, destaca-se o caráter permanentemente incompleto da investigação científica que, ao invés de nos bloquear e desiludir na sua insuficiência de génese, nos deve exultar a procurar sempre saber mais, em colaboração, discutindo ideias e opiniões e procurando conciliar visões e não evitar as divergências.

   (Em casos como o apresentado, de saúde e sobrevivência, apela-se ao princípio da prevenção: na dúvida, respeitar o tempo de digestão para refeições 'grandes', desfrutando de banhos em segurança!)

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