sábado, 22 de setembro de 2012

IgNobel: a face mais divertida da Ciência

   Rir faz bem à saúde e afasta as desgraças. Então, porque não fazer por isso?



   A Ciência é uma atividade fundamental para o nível de bem estar que parte da Humanidade alcançou e para o sonho de um futuro melhor para todos os seres humanos e não humanos. É normalmente encarada como algo sério e não particularmente divertido...

   Mas, para contrariar essa ideia e dar um pouco de animação à investigação científica e divulgação dessas mesmas investigações, foi criado o prémio IgNobel, atribuído às investigações científicas mais mirabolantes, inusitadas e divertidas!

   A página dos prémios é esta, onde poderão ficar a saber mais sobre a edição deste ano e anteriores. Fica uma nota, antes de um artigo do Público sobre os prémios IgNobel 2012: Andrei Geim, cientista Russo que recebeu o Prémio Nobel da Física em 2010 por trabalhos sobre o Grafeno (com contribuições do Professor Lopes dos Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que visitou e deu uma palestra no Colégio o ano passado!) também já foi agraciado com um prémio IgNobel! Atenção, portanto, aos vencedores deste ano, potenciais futuros Nobeis...


   Em 2008, Frans de Waal, mundialmente conhecido primatólogo holandês da Universidade de Emory, nos EUA, publicou na revista Advanced Science Letters o seguinte artigo: “Rostos e rabos: a percepção do sexo pelos chimpanzés.” Ele e a sua colega Jennifer Pokorny, da Universidade da Califórnia, irão ser , daqui a momentos, galardoados com o Prémio IgNobel de Anatomia “por terem descoberto que os chimpanzés podem identificar individualmente outros chimpanzés a partir de fotografias dos seus posteriores”, como explicaram em comunicado os organizadores da “22ª Primeira Edição” (sic) dos famosos galardões.

Esta dupla de cientistas e mais nove grupos de especialistas e técnicos de diversas áreas são os vencedores dos prémios de 2012, que lhes serão entregues numa cerimónia a decorrer no Teatro Sanders da Universidade de Harvard, em Cambridge (EUA). 

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O mote dos Prémios IgNobel, atribuídos anualmente pela revista humorística Annals of Improbable Research em colaboração com Harvard, é “honrar façanhas que primeiro nos fazem rir e depois pensar”. Muitos dos galardoados são investigadores cujos trabalhos foram publicados em revistas especializadas absolutamente sérias. Mas todos eles têm um elemento comum, que os torna elegíveis para um IgNobel: o facto de os temas que abordam parecerem – e aliás, por vezes serem – totalmente descabelados (e esta é literalmente a palavra certa para dois dos galardoados deste ano...).

Falemos, pois, de cabelo humano. Em 2011, Johan Pettersson, engenheiro ambiental sueco, descobriu por que é que o cabelo de alguns dos residentes – inicialmente loiros – de certas habitações novas da cidade de Anderlöv, Suécia, tinha repentinamente ficado... verde. E agora, por ter desvendado um enigma que começara por deixar muitos especialistas confusos, recebe o IgNobel da Química. (Explicação: a culpa era da água quente que se acumulava, durante a noite, nas canalizações dos chuveiros dessas residências e que, ao dissolver o cobre dos canos tingia o cabelo das vítimas na manhã seguinte...).

Passando da química para a física do cabelo (comprido), Joseph Keller, da Universidade de Stanford, e colegas, recebem o IgNobel da Física pelo seu estudo “do equilíbrio das forças que moldam e movimentam o cabelo apanhado num rabo de cavalo”. As suas conclusões foram publicadas este ano na prestigiosa revista Physical Review Letters.

O prémio na categoria da Acústica deixa literalmente as pessoas sem fala. Inventado por Kazutaka Kurihara e Koji Tsukada, engenheiros de duas agências nacionais de tecnologia do Japão, parece uma arma de fogo futurista (mas algo tosca, pois é apenas um protótipo). Activada e apontada para os lábios do mais tagarela dos oradores, faz com que ele ouça o eco do que está a dizer ligeiramente desfasado, ficando totalmente impedido de continuar o seu discurso. O único antídoto: calar-se (o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=USDI3wnTZZg/ fala por si).

Hverá também um IgNobel da Dinâmica dos Fluidos, para Rouslan Krechetnikov e Hans Meyer, da Universidade da Califórnia, autores de um artigo publicado noutra prestigiada revista – Physical Review E – e intitulado algo como: “Andar de café na mão: por que é que o entornamos?”. Um problema quase de saúde pública, poderíamos argumentar, pelas queimaduras que pode causar. 

Do lado das ciências da vida, na categoria das Neurociências, o IgNobel irá para a equipa de Craig Bennett, também da Universidade da Califórnia, por ter mostrado que, com as novas tecnologias de visualização do cérebro, até um salmão morto pode apresentar actividade cerebral significativa se a experiência não for repetida suficientes vezes. O IgNobel de psicologia contemplará Anita Eerland, da Universidade Aberta de Holanda, e colegas, pelo seu estudo de como o facto de se inclinar para a esquerda faz a Torre Eiffel parecer mais pequena (na revista Psychological Science). E o de medicina dois médicos franceses, Emmanuel Ben-Soussan e Michel Antonietti, que em 2007, no World Journal of Gastroenterology, “aconselharam os médicos que fazem colonoscopias sobre como minimizar as probabilidades de fazer explodir o doente”(!).

Resta mencionar as duas categorias não científicas: Paz e Literatura. Na primeira, o prémio vai para a empresa russa SKN, que “transforma velhas munições russas em diamantes novos” (ver http://www.skn-nd.ru/products_en.html). Na segunda, o IgNobel honra este ano o General Accounting Office (GAO) dos EUA “por ter emitido um relatório sobre relatórios sobre relatórios que recomenda a preparação de um relatório sobre o relatório sobre relatórios sobre relatórios” (e os outorgantes do prémio quase não estão a exagerar). 

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